segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Bálsamo

 




A moça era triste. A vida dela era triste. Era tão sensível a pobre, que nunca conseguira conter o pranto. As lágrimas rolavam com uma certa facilidade em seu rosto abatido. A dor que ela sentia estava estampada em sua face, e  não era qualquer dor, era dor dela!
Por um momento me veio à mente que ela não era assim, ela se tornara assim por algum motivo. A fisionomia dela mudara, talvez pela dor intensa que era visível em seu olhar melancólico. Ela não conseguia sequer fingir uma felicidade, ostentar nos lábios um sorriso nem mesmo triste.
Todos nós já sonhamos e continuamos a sonhar. Os sonhos têm o poder de nos tornar fortes e firmes, e também de nos dar esperança. Pode morrer toda a capacidade que existe em nós, nunca a de sonhar.
Ela, não tinha esperanças e muito menos sonhos. Ela também já sonhara mas hoje isso é passado. Talvez perdera o desejo de sonhar por não suportar a realidade que fora dura, cruel e até implacável. 
As emoções devem aflorar é necessário que aflorem, mas não foi o que ela fizera. 
Bem, um dia ela amou. Sim ela viveu um grande amor, desses de folhetim. A pobre não teve forças para lutar por esse amor, haviam muitos impecilhos e não os suportou. Achou mais fácil desistir e se fechar para o mundo. Achou mais fácil conviver com aquela dor que era só dela, ao invés de se entregar sem medo ao amor que a vida lhe dera de presente. Ela deixou o medo vencer e acabou por megulhar num mar de dores e tristezas. O medo venceu o desejo de viver a vida e cada milésimo de segundo dela. Quem sabe o medo de sofrer era tão grande que a impediu de ver, que viver é correr riscos, e que o risco que ela corria naquele momento era viver o seu grande amor. Pena que a pobre moça não imaginava que ao renunciar a esse amor ela sofreria mais. Viver pensando no que deixou de viver é um martírio, é penoso demais.
Ela fora covarde? Talvez tenha sido, mas quem somos nós para julgá-la. Temos o livre arbítrio. Somos nós quem escolhemos que caminho seguir... Sucesso e fracasso são méritos nosso. A escolha, sempre somos nós quem fazemos. 
Às vezes a vida é generosa e nos dá outra chance para colocar em prática o nosso aprendizado, mas em se tratando daquela moça não havia mais nada a fazer. Era tarde demais! Ela fora consumida pela dor do amor.
Tudo estava prestes a se findar. O bálsamo chegara para aliviá-la. Era nítido.O bálsamo já caminhava lentamente pelo seu corpo cansado e fadigado pela dor e melancolia. O bálsamo estava passando e cicatrizando as feridas. Era comovente! Era triste! 
Agora ela podia suspirar aliviada ainda que fosse o último suspiro de sua vida.
Ela estava livre! Ela estava pronta para partir. 
Com uma leveza no olhar e com um lindo sorriso nos lábios ela supirou e disse: ADEUS!

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